A Era dos Boeing 767 na Transbrasil

A Era dos Boeing 767 na Transbrasil

Por Wellington Tohoru Nagano


Há quarenta anos, na manhã do dia 18 de junho de 1983, pousava no Aeroporto Internacional de Brasília o Boeing 767-2Q4 da Transbrasil. Matriculado como PT-TAA, o bimotor inaugurava a terceira geração de jatos no Brasil e colocava a empresa de Omar Fontana em destaque mundial, como uma das primeiras operadoras do modelo e launch customer.


Inicialmente denominado 7X7, o avião fez o primeiro voo em 26 de setembro de 1981 e o primeiro voo comercial foi realizado pela United Airlines no dia 08 de setembro de 1982 entre os aeroportos de Chicago O’Hare e Denver (Stapleton). A aeronave é um dos projetos mais bem sucedidos da Boeing e foi concebido para concorrer com o Airbus A300, substituir os 707 e DC-8 e oferecer uma alternativa de alcance médio-longo com capacidade inferior ao Boeing 747.


Na época da operação comercial, o 767 possuía alcance e capacidade que dava aos operadores uma flexibilidade ímpar na malha aérea, operando em rotas onde o Boeing 747 e McDonnell Douglas DC-10-30 eram grandes para o mercado. Em pouco tempo, a aeronave se tornou a preferida nos voos transatlânticos, ligando não só os mercados tradicionais dos dois lados do Atlântico, mas abrindo novos city-pairs.


O sucesso do Boeing 767 e sua posição no mercado de aviação


A popularidade do 767 nos voos transatlânticos ocorreu com novas regras ETOPS – Extended Twin Engines Operations Performance Standards (padrões de desempenho em operações estendidas de bimotores), que possibilitaram que os aviões bimotores pudessem voar mais distantes de aeroportos alternativos, abrindo novos mercados.


O que hoje pode parecer prosaico devido a centenas de bimotores widebodies, do A330, A350, B767, B777 ao B787 cruzando oceanos com aeroportos alternativos distantes, na já longínqua década de 1980 voar com apenas dois motores sobre grandes massas de água era um tabu na aviação.


Havia uma razão para tal: em caso de pane em um dos motores, 50% da força era perdida, ao contrário de 33% em um trimotor ou 25% em um quadrimotor. Segundo as regras da Federal Aviation Administration (FAA) na época, o limite de voo de uma aeronave de dois motores distante de um aeroporto de alternativa era de apenas 60 minutos.


A Transbrasil como pioneira e launch customer do Boeing 767


A Transbrasil foi launch customer do 767 e uma das primeiras empresas aéreas a recebê-lo, sendo a segunda do Hemisfério Sul depois da Ansett Australia. A história do 767 na empresa começou em 17 de agosto de 1981, quando foram encomendados três 767-200 junto à Boeing, sendo empregados nos futuros voos internacionais e domésticos de alta procura, partindo do aeroporto de Congonhas.

 

As três aeronaves foram matriculadas PT-TAA, TAB e TAC e, seguindo a tradição da Transbrasil, cada uma delas tinha uma cor específica no logotipo e nas asas: azul (PT-TAA), laranja (PT-TAB) e verde (PT-TAC).


As operações comerciais começaram no dia 02 de julho de 1983, com serviços de Congonhas para Orlando, via Rio de Janeiro Galeão, em caráter charter-regular. Na volta, o TR 771 saía diretamente da cidade americana para Congonhas, feito que nenhuma outra aeronave realizou.


O papel dos Boeing 767 na expansão internacional da Transbrasil


Em 17 de maio de 1991, a empresa aérea recebeu o primeiro Boeing 767-300ER, PT-TAD e passou a voar para Washington. Os 767 foram a espinha dorsal da malha internacional da Transbrasil, voando para a Argentina, Áustria, Chile, Estados Unidos, Holanda, Inglaterra e Portugal.


Além do trio colorido, ganharam destaque o N604TW, em cores híbridas da TWA, e o PT-TAK empregado no “New York Rainbow”, um serviço exclusivo para a cidade americana e a aeronave tinha apenas 186 assentos, sendo 10 na Primeira Classe, 22 na Executiva e 154 na Econômica. Em dado momento, os 767 representavam 50% da frota da Transbrasil.


Entretanto, eram aeronaves demais para o mercado doméstico, e no internacional as múltiplas escalas e baixas frequências afastavam o público executivo. Como parte da reestruturação, todos os 767-200ER foram devolvidos, restando apenas o trio de 1983 e uma dupla de 767-300ER.


Em estado terminal, a Transbrasil foi parando seus 767-200, com o último voo realizado pelo PT-TAC em 08 de julho de 2001 e o 767-300ER PT-TAM foi arrestado pela empresa de leasing Pegasus em Miami em 8 de agosto. Com a falência da Transbrasil, os três 767-200 ficaram ao relento em Brasília, até serem retirados em fevereiro de 2023.


No total, a Transbrasil operou 14 767: três -200 (PT-TAA, TAB e TAC), seis -200ER (PT-TAG, TAH, TAI, TAJ, TAK e N604TW) e cinco -300ER (PT-TAD, TAE, TAF, TAL e TAM).


Relembrando: a Transbrasil foi fundada em 5 de janeiro de 1955 sob o nome inicial de "Sadia S.A. Transportes Aéreos", e encerrou suas atividades em 3 de dezembro de 2001, com sua falência decretada pela justiça no início de 2002.

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