Como funciona a logística de medicamentos e quais os cuidados no transporte?

A logística de medicamentos é, de longe, uma das mais complexas para se planejar, principalmente em um país de dimensões continentais como o Brasil. Isso sem contar as diferenças climáticas bem expressivas de região para região.

Essa dificuldade é gerada pela complexidade dos produtos, que podem ser sensíveis à temperatura, à umidade e à luz. Ou seja, caso os itens não sejam corretamente transportados, os remédios podem ter a sua qualidade afetada e, nos piores casos, podem prejudicar a saúde da população.

É por isso que existem diversas regras e regulamentos que os transportadores devem seguir no transporte de medicamentos. Além, é claro, da série de preocupações, etapas e boas práticas que devem ser adotadas.



Neste artigo, você vai acompanhar um pouco mais sobre a logística de medicamentos e os desafios que o setor encontra atualmente. Confira!

O que é e como funciona a logística de medicamentos?

Também conhecida como logística farmacêutica, a logística de medicamentos está ligada ao manuseio, transporte, distribuição e gestão da cadeia de produtos múltiplos e variados que envolve todo o caminho que um medicamento deve percorrer da fábrica até o consumidor final. Portanto, aqui não estamos falando apenas do transporte entre fornecedores e lojas, mas também da maneira correta de armazenamento e estocagem.

De acordo com a Agência Nacional de Saúde, os produtos farmacêuticos podem variar entre: 

• medicamentos e todas as suas tipologias; 
• produtos de saúde,  instrumentos médicos e cirúrgicos;
• produtos cosméticos e perfumaria;
• matérias-primas;
• materiais biotecnológicos ou biofarmacêuticos.

Vale lembrar que, assim como outras atividades logísticas, a logística de medicamentos é uma atividade controlada pelos órgãos de vigilância sanitária. E não é para menos: qualquer pequena alteração nas condições de armazenamento pode modificar as características e propriedades farmacêuticas do remédio, prejudicando a saúde do paciente.



Por exemplo, em termos de controle de temperatura, a maior parte dos medicamentos exige armazenamento e transporte em temperaturas que variam de -150 ºC a 25 ºC para que a eficácia seja preservada. E não para por aí: também é preciso atender a procedimentos rígidos de limpeza, controle de pragas e umidade.

Logística reversa

E quando o medicamento está vencido, o que fazer?

Infelizmente, a grande maioria faz o descarte no lixo comum, o que gera prejuízos consideráveis ao meio ambiente. O produto acaba nos esgotos e, eventualmente, no abastecimento de água. Em alguns casos, pode chegar aos aterros, representando um risco para a saúde das pessoas e dos animais.

No entanto, as empresas farmacêuticas e os varejistas que comercializam os medicamentos têm o compromisso de retirar das prateleiras os itens vencidos. 

Mas a logística reversa ainda é bem recente no Brasil, tendo sido regulamentada somente em 2020, por meio do Decreto 10.388. Então, foi decidido que cada consumidor deve levar produtos vencidos ou em desuso até uma farmácia.



A partir daí, o produto deverá ser recolhido pela distribuidora e levado novamente à indústria, que será responsável pela destruição do medicamento em um local adequado (pode ser um incinerador, uma usina de processamento ou até mesmo um aterro sanitário de grau 1 controlado e devidamente homologado).

Quais as etapas da logística de medicamentos?

No geral, a logística de medicamentos engloba cinco etapas diferentes, cada uma com sua devida importância. Confira:

Processo nas fábricas

Aqui, os produtos farmacêuticos são produzidos e embalados sob os cuidados de profissionais especializados. Todos os processos exigem cautela e supervisão.

Transporte terrestre

As entregas feitas pelas estradas, via modal terrestre, utilizam caminhões especiais para o transporte dos medicamentos entre as fábricas e os centros de distribuição.

 

Na viagem, são utilizados sensores para monitorar a temperatura dos itens, principalmente de medicamentos termolábeis que precisam seguir as determinações da cadeia de frio, como é o caso das vacinas, por exemplo.

Transporte aéreo

Quando a entrega precisa ser feita rapidamente, ou por longas distâncias, aviões são utilizados para transportar os medicamentos com mais agilidade. Neste caso, há a necessidade de controle de temperatura de forma mais contundente.

Centros de distribuição

Antes de chegar até as farmácias, hospitais ou clínicas, os medicamentos são guardados em centros de distribuição regionais e separados em lotes menores para que sejam despachados aos seus destinos.

Distribuição de brindes

Distribuição de objetos ou kits em nível nacional.

Farmácia de destino

Já nas farmácias, os medicamentos costumam ser estocados ao alcance de um braço. Os produtos são armazenados em quantidade suficiente para atender a demanda de um determinado período. Conforme o estoque baixa, a reposição é solicitada. Então, quando o pedido é realizado, todo o processo logístico reinicia.

O que diz a legislação sobre o transporte de medicamentos no Brasil?

A logística de medicamentos no Brasil segue as regulamentações da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), que é responsável por determinar quais as regras e diretrizes são necessárias para a movimentação deste tipo de mercadoria.

Também existem algumas normas estabelecidas pelo Conselho Federal de Farmácia e pela Secretaria de Vigilância Sanitária do Ministério da Saúde, além das exigências dos órgãos estaduais e municipais. Ou seja, trata-se de um processo complexo.

Abaixo, veja as principais normas e decretos nacionais que direcionam o transporte de medicamentos:

• PORTARIA Nº 1.052/1998: estabelece normas para a concessão da Autorização de Funcionamento para empresas que exercem a atividade de transporte de produtos farmacêuticos sujeitos à vigilância sanitária.
• RESOLUÇÃO-RDC Nº 430/2020, de 17 de setembro de 2019: dispõe sobre as Boas Práticas de Distribuição, Armazenagem e de Transporte de Medicamentos.
• RESOLUÇÃO Nº 433/2005: regula a atuação do farmacêutico em empresas de transporte terrestre, aéreo, ferroviário ou fluvial, de produtos farmacêuticos, farmoquímicos e produtos para saúde.
• RESOLUÇÃO Nº 329/1999: institui o Roteiro de Inspeção para transportadoras de medicamento e insumos farmacêuticos.
  

Boas práticas no transporte de produtos termolábeis

Pensando em todos os riscos, a Anvisa passou a recomendar o uso de sistemas que registram todo o controle por meio da RDC 430, regulamentação voltada para as boas práticas de distribuição, armazenagem e transporte de medicamentos e que foi publicada no Diário Oficial da União (DOU) em outubro de 2020.

O objetivo da RDC 430 é regulamentar toda a cadeia logística e todos os procedimentos que envolvam desde equipamentos até processos e validações de sistemas informatizados dos produtos termolábeis.

Por que a rastreabilidade e o monitoramento de temperatura são importantes?

A qualificação térmica nos veículos de transporte e entrega precisa seguir todas as diretrizes impostas pela RDC 430. Este processo, inclusive, pode ser feito pela própria empresa, desde que a companhia tenha condições e siga corretamente os procedimentos.

Os veículos precisam demonstrar bom desempenho e obedecer aos critérios impostos. O próprio mapeamento térmico das rotas é uma das exigências da normativa.

De acordo com a resolução, durante o transporte os medicamentos termolábeis devem ser mantidos entre 2º a 8ºC e, para os demais, entre 15º e 25ºC. As áreas de armazenagem devem ser dotadas de equipamentos e instrumentos necessários para o controle e monitoramento da temperatura e umidade.



Em tese, grande parte dos controles logísticos impostos pela Anvisa já faz parte da rotina das empresas transportadoras. Entretanto, se adequar perfeitamente à RDC e investir em tecnologias disponíveis é um diferencial relevante no mercado, pois diversas empresas ainda realizam todos os processos com um índice pequeno de confiabilidade.

Desafios do setor logístico no transporte de medicamentos

Como você viu, a logística de medicamentos está longe de ser algo simples, principalmente no Brasil. Por conta da alta sensibilidade, os medicamentos precisam de atenção especial durante todos os processos de fabricação, transporte, recebimento, armazenamento e dispensação.

Acompanhe alguns dos principais desafios do setor logístico durante este transporte:

• rapidez na entrega, que pode ter grande urgência;
• cuidado com a temperatura dos medicamentos;
• atenção à data de validade dos medicamentos;
• boa estruturação nos centros de distribuição;
• implementação e ajuste constante na logística reversa;
• capacidade de comunicação apurada com os diferentes contatos da cadeia de suprimentos; 
• estar apto, de acordo com as regras da Anvisa, para prestar o serviço. 

A Expresso Arghi é sinônimo de excelência no transporte aéreo e rodoviário para todo o Brasil, com alta expertise em produtos farmacêuticos, incluindo os termolábeis.